sexta-feira, maio 21, 2004

Memórias

Almoço na cantina da escola onde a minha cara metade trabalha.
Chamo-lhe de cara metade porque sem ela faltar-me-ia alguma coisa, talvez a outra metade de mim. Cara metade porque os dois somos como um só...e por aí diante, mas não é sobre isso que aqui estou.
Estou aqui, porque almocei na cantina de uma escola, como disse.

Memórias, lembranças, saudades (palavra nossa, tipicamente portuguesa), mil e uma coisa me vieram à lembrança, aos locais mais recônditos da minha mente onde, pensava já estarem gravadas essas imagens.
O barulho, típico por sinal, o cheiro a comida, as mochilas, livros, cadernos, tudo espalhado por sobre as mesas. As filas á espera da vez para levar a sua dose, as trocas de comida ou de fruta, tudo isso me fez recordar tempos idos, tempos em que eu também fui como eles, aluno, irreverente ou certinho, quem sabe? Quem se lembra?
Recordei-me de quando em grupo, lá íamos para a cantina comer com amigos e amigas, a fila interminável, e enquanto se esperava, falava-se deste e daquele professor, desta e daquela matéria, mais fácil ou mais difícil e deste(a) ou daquele(a) rapaz/rapariga. No meu caso era mais das raparigas...obviamente.
Lembrei-me dos beijos fortuitos que dava a uma, em especial, não na cara mas no canto do lábio, afinal...naquela altura, naquela época, apesar de já haver na algumas liberdades, não eram como agora que, a meu ver, já pecam por exagero mas isso, é a minha opinião. Aquele sabor doce do canto da sua boca era como se não estivesse ali, naquele momento. Não me recordo do seu nome, nem tão pouco do que é feito dela mas, neste momento ainda a consigo ver, a sorrir para mim, com aquele ar ternurento que ela tinha, ar de menina pura e sem malícia.
Chamar-se-ia Luisa ou Joana? Ana, talvez! Não, não me consigo lembrar do nome dela, mas consigo quase que vê-la, encostada a mim, aninhada a meu lado, promessas para um lado e para o outro, apenas promessas lançadas ao vento.
Os barulhos, os ruídos, o cheiro da cantina, fizeram-me voltar à realidade, esta realidade onde estou...ao pé da minha cara metade que adoro, que amo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Curioso! Só hoje, após ter lido o seu post, dei o devido valor à expressão "cara metade". De duas metades se compõe a unidade (bem patente no seu escrito) . "Cara" , porque querida.