segunda-feira, maio 10, 2004

Carta a uma Borboleta

Nesta praia onde me encontro, por cima desta areia preta onde a água vai e vem no seu infinito movimento ondulatório, olho em frente, no infinito da imensidão do mar.
As outras gaivotas voam em intermináveis círculos á procura de comida, de sustento. No entanto, apesar de precisar de me alimentar, sinto-me bem aqui, a olhar para ti.
No meio destas tontas, sinto-me um Robison Crusoé, sozinho nesta ilha, apesar de estar no meio de uma multidão.
Tu, minha borboleta, com as tuas cores multicolores, por vezes fazem-me sentir quase que embriagado.
Vejo-te a voar de flor em flor, ramo em ramo. Lembro-me de quando ainda eras uma pequena larva, uma minhoca sem aspecto definido, pelo menos para mim.
Hoje em dia, de minhoca nada tens e eu, continuo sem cor aparente, no meio de tons de cinzento.
Por vezes, se não fosse sentir essa ideia que aqui, consigo ver-te aí...longe daqui mas, ao mesmo tempo como que estando tu aqui ou eu aí, acho que já tinha partido para outros voos, para mais longe. Mais longe daqui, mais longe de tudo e de todos.
Obrigado minha borboleta por pairares no meu céu de quando em vez.

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