quarta-feira, maio 12, 2004

De...pressão

À pouco cruzei-me com uma amiga.
Estava mais magra, com um ar pesado no seu rosto e os olhos cansados.
Ela é que me chamou, porque eu ia á frente dela a ver montras, na minha hora de almoço...já que o tempo estava convidativo a passeios.
Perguntei-lhe como é que ela ia, ao qual me respondeu que estava de atestado.
Lembrei-me que tinha tido um filho à poucos meses e, como tal, deveria estar de atestado por isso, engano meu.
Estava de atestado por estar com uma grande depressão. Tinha ido à farmácia comprar alguns medicamentos que não tinha, que tinham acabado.
Fiquei com pena dela mas, de repente lembrei-me de mim, de quando também eu tive uma depressão. Nestas ocasiões, não se deve ter pena da pessoa mas sim, ajudá-la a olhar para o sol, no meio da escuridão onde se encontra.
Engraçado que quando alguém fala nisso, quem está de roda fica logo com “cara de parvo”, sem saber o que dizer, sem saber o que fazer, murmurando palavras sem nexo, por vezes, do género, isso vai passar.
Nestas alturas, digo eu que já passei por tal situação, deve-se é, dar animo, força de vontade, dizer para ir à luta, não pensar nos problemas mas sim nas soluções, passear...muito. Apanhar ar e sol...quanto baste. Espairecer...
O mais importante, para ela, seria ter alguém com quem falar, com quem desabafar, já que segundo ela, não tinha “ninguém” com quem fazer isso.
Apesar de saber que ela tem o meu número de telefone, apesar de saber que ela sabe onde moro, dei-lhe a dica de hoje ou amanhã aparecer lá por minha casa, que precisava de falar com ela por causa do seu serviço mas, na altura estava com pressa para entrar ao serviço e, o que era, não era algo profundo, apenas meras duvidas.
Vi no seu rosto um ligeiro sorriso, talvez de agradecimento, digo eu, mas um sorriso sincero e profundo, como se já há algum tempo não o fizesse assim, espontâneo.
Como disse, já estive lá no fundo da escuridão e custou-me olhar de novo para cima, para a luz que me cegava mas...com força, esperança e apoio, consegui chegar onde agora estou e, também é esse o meu desejo para quem está lá...no fundo e, se é uma pessoa amiga, ainda mais temos vontade de ajudar.
Enquanto escrevia isto, ligou-me a dizer se podia ir lá a casa logo à noite...apenas conversar...
Percebi a pergunta e ela, pelos vistos também percebeu a mão que lhe estendi minutos antes.
Espero que ela recupere, a sério que sim. Precisa, não só por 3 filhos que tem, como também, merecer.
Talvez “amanhã” já esteve melhor...

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