sexta-feira, abril 30, 2004

Máquina do Tempo

As ondas vão e vêm em tons de azul celeste neste mar imenso. Nesta praia de areias negras com esta visão pela frente, além de mim encontra-se um rapaz com cerca de 7 anos. Está sentado e de quando em vez atira uma pedra para a água para ver o seu efeito.
Apenas uma pequena pedra é o bastante para desencadear uma tempestade constante que, não só não quer terminar, como cada dia que passa aumenta mais e mais, originando, por vezes, tempestades com gigantescas vagas do tamanho de um preconceito, de uma ideia, de um grito mudo ou de uma cor... apenas uma pequena pedra.
Eu e ele, ele e eu, somos os únicos que estamos aqui, ali.
Ele pensa aquilo que eu já pensei quando tinha a sua idade. Todas as suas incertezas já eu as tive.
Mais uma pedra é atirada à água. Mais uma vez o seu efeito é o mesmo. Círculos atrás de círculos, atrás de círculos...
Gostava de ter a idade que ele tem e saber o que sei hoje, mas isso é impossível. Gostava de lhe transmitir todo o meu conhecimento, mas não posso. Gostava de lhe dizer que as coisas vão melhorar, apesar de tudo, mas não consigo.
Outra pequena pedra é lançada no azul do céu e devido às leis imutáveis da gravidade, cai no azul do mar.
Sete anos se passaram para o rapaz que ali está que, podia nem sequer ter visto a luz do dia devido a erros de outros.

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