domingo, janeiro 29, 2006

Eleane (em memória do meu passado) 3º Capitulo


- O Pai Natal a mim, nunca me trouxe nada do que eu queria, só me dá roupa e sapatos. - disse a pequena.
- E o que é que querias que ele te trouxesse? - perguntou ela.
- Queria que me trouxesse uma casa e uns Pais.
- E não querias antes que ele te trouxesse os teus Pais?
- Não. Se os meus Pais me deixaram atrás, não são os meus verdadeiros Pais. Se fossem tinham-me levado com eles, não é?
- Até um certo ponto tens razão Eleane, mas tens que pensar que, se calhar, foi para teu bem que te deixaram, não achas?
- Talvez, mas os meus verdadeiros Pais serão aqueles que me levarem para todo o lado onde forem.
Depressa chegou a noite de Natal. Todos andaram num virote o dia todo para o jantar sair uma coisa de luxo. Havia diversos doces, sobremesas, aperitivos e do bacalhau nem se fala. Só de pensar nele... estivessem lá que viam o que é que eu quero dizer.
Durante o jantar fartaram-se de rir. Via-se que havia alegria e felicidade naquela família...Oh! Desculpem, família por alguns dias, claro.
- Agora tenho que ir para a cama, não é Senhora Catarina. É para o Pai Natal me trazer uma prenda.
- É sim, Eleane. Pode ser que o Pai Natal te traga uma prenda diferente das que te tem trazido. Amanhã de manhã, quando te levantares, já deves ter qualquer coisa no sapatinho. - disse ela.
Naquela noite custou-lhes a adormecer. Talvez por ser véspera de Natal, talvez por...
- O que será que a Senhora Catarina e o Senhor Sérgio me vão oferecer? - pensou a pequena.
- Achas que ela vai gostar das prendas que lhe compramos? - perguntou o Sérgio.
- Acho que sim, pelo menos comprámos com gosto e sem olhar a preços. - respondeu a Catarina.
Ainda não eram sete da manhã, já a pequena batia à porta do quarto do casal.
- Senhora Catarina... Senhor Sérgio, posso ir ver o que é que o Pai Natal me trouxe? Posso? Prometo não estragar o presépio. - perguntou a pequena como se fosse uma coisa extraordinária. Como se nunca tivesse tido um Natal e aquele fosse o seu primeiro... e até de certo modo era-o.
(Continua)

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