quarta-feira, julho 28, 2004

Fábula da ilha

Um bando de gaivotas em liturgia de abandono
orienta marinheiros de ignorância e cachimbo.

(o barco da cruz gramada;  os pés da bússola ruindo
a mosca henriquina emigrada em sono).

na baía incendiada  o grito do sossego partilha
âncoras de fundo e fumo com peixes e hortelã.

não era indício de oiro  nem esfinge de sereia  nem
vagabundo do sonho num deserto de cetim.   era ilha!

(nas suas entranhas com vómitos de lava
sentia-se crescer a lascívia do povoamento).

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ainda hoje se ouve a angústia do vento
percorrer as coordenadas do povo no mapa.

Álamo de Oliveira - Setembro de 1973

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