quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Devaneio Maligno

Só me apetece
Abrir as comportas
Do rio que corre
Nas entranhas da terra

Abri-las de par em par
E ver jorrar
Pingo a pingo
O líquido a correr

Sem dó nem piedade
Sentir o vermelho
Desse rio escondido
Esvair-se na luz

O que será melhor?
Aqueles que sem raízes
Andaram de terra em terra
Sem afecto ou amor
Ou aqueles que
Mesmo com raízes
Não sentem afecto ou amor?

Só me apetece
Fechar os olhos
Encher os pulmões de ar
Respirar por breves momentos
E partir

7/07/2008


quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Eternidade

Passadas algumas décadas, tinha por fim retornado à minha terra. Todo o meu Coração ria de alegria, ao contemplar aquele branco e maravilhoso lugar. Único!... Engraçado, apesar de nunca ter estado aqui, mal o vi reconheci-o logo. Sim! Porque agora eu sei quem sou e donde vim. Vim dali...vêem? Claro que não! Afinal sou só eu que estou aqui... só eu é que pertenço aqui, a este Mundo.
A mente é mesmo algo espantoso. Mesmo agora, apesar de tudo, ainda não é possível determinar-mos como é que ela verdadeiramente funciona, senão vejamos:
- Estou aqui; reconheço a terra, mas sei que nunca cá estive, apenas..., mas apesar de já sermos capazes de usar uma grande parte da capacidade que a mente tem, isso ainda continua por se saber. Se calhar nunca se irá saber. Acho bem! Devemos ter sempre qualquer coisa inexplicável para vivermos com a ideia que um dia se tornará claro como a água, puro como este local para onde me dirijo.
Olhando para trás, recordo tudo o que aprendi com aquelas pessoas... Foi bom, mas o meu coração trouxe-me até aqui. Aliás, sempre senti esse chamamento ao longo dos anos. Apenas não fazia caso. Ou será que não queria era fazer caso? Que importa!
Sinto-me feliz por estar aqui, e isso é que interessa. Pareço uma criança a quem lhe foi dado um brinquedo novo.
Que bela vista se tem daqui, é de cortar a respiração. Tantas estrelas pequenas, a piscar, ou quase todas, e como que no meio delas, está este maravilhoso mundo, a que agora chamo de minha terra. Um branco puro que quase nos cega de tanta luz. Sinto todo o meu ser a ser puxado para lá, como se eu e Ele fôssemos um só. Aqui, sinto que pertenço!
Foram precisos estar tantos anos longe, para só agora voltar. Porquê? Tantas perguntas que tenho para fazer, que nem sei por onde irei começar. São dúvidas, incertezas, eu sei lá! Dá-me a impressão que vou começar tudo de novo, como se voltasse a nascer de novo. Numa certa medida, até é, mas então...?
Nunca te tinha visto até agora, no entanto, imaginava-te assim mesmo como és. Pequena, mas imponente; branca, mas com vida; sozinha, mas sem estar só.
Mais algum tempo e estarei contigo. Daqui, parece que falta pouco, como se já te tocasse, no entanto... ainda estou um pouco longe.
Majestosa e imponente visão esta... ali está, como sempre esteve, e como sempre irá estar, mesmo para além do Fim.

23JAN96