Do quarto responderam:
- Espera um pouco e vamos todos ver, sim Eleane?
- Está bem. - respondeu ela.
Não sei se vos diga, se vos conte, mas só mesmo visto. A pequena Eleane tinha uma pilha de prendas: bonecas, fatinhos, livros de desenho, jogos, eu sei lá. Tanta coisa que ela não sabia por onde começar. Estava muitíssimo contente.
- Gostaste do que o Pai Natal te trouxe Eleane?
- Gostei sim, mas tenho uma coisa para dizer. Eu sei que o Pai Natal não existe, sei que o verdadeiro Pai Natal foram vocês, e por isso gostei ainda mais do que fosse ele. Muito obrigada por todas as prendas... mas os meus amigos e amigas de lá, nem uma têm. - respondeu ela.
- Se gostas tanto deles, porque é que não dás uma ou duas prendas das tuas a eles?
- Se não ficassem chateados... - disse ela.
- Porque é que havíamos de ficar chateados, se afinal as prendas são tuas?
- Podemos ir lá hoje? - perguntou ela.
- Se quiseres, podemos ir logo após o pequeno-almoço.
As crianças, quando os viram chegar, ficaram muito contentes, porque viam muitos brinquedos, e naturalmente seriam para todos brincar.
- Já vêm trazer a pequena? - perguntou a Senhora da casa.
- Não!?! Ela é que queria dar algumas prendas aos seus amigos e como não achamos nada de mais nisso, viemos. - respondeu o Sérgio.
- Por um instante pensei que ela tivesse feito alguma coisa má. Se assim fosse, levava um grande castigo.
Entretanto as crianças estavam alheias aquela conversa de Adultos. Eles queriam era brincar. Naquela altura esqueceram tudo o tinham passado nesse ano: os castigos, a falta de afecto, tudo de mau que tiveram que passar.
- Eles gostaram muito de ti, não foi Eleane? perguntou a Alexandra, que era uma amiga dela.
- Parece que sim Xana, e eu também estou a gostar deles. Ainda tenho mais dois dias para me sentir assim. Feliz e pensar que são os meus Pais. - respondeu ela.
(continua)